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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CONTO - BESTA FERA


SAUDAÇÕES VIAJANTES!

Besta Fera

Não tinha mais jeito. André sabia o que acontecia nas noites em que a lua estava daquele jeito.
Quando ela estava no auge de seu esplendor, tal qual um círculo completo ornando o céu noturno.
Aquela criatura, besta abominável que habitava seu corpo insistia em sair. Era sempre uma discussão bem curta em que o fim nunca era diferente: André cedendo lugar ao lobo infernal que espreitava o momento certo de dar suas caras.
Primeiro a dor atroz no estomago, uma fome que humano algum já teve o desprazer de experimentar. Depois os pelos ralos de seu corpo começavam a crescer em velocidade impressionante e sua fisionomia franzina triplicava de tamanho. As unhas tornavam-se garras assassinas enormes, forjadas especialmente para dilacerar carne e ossos como se fosse de barro e o rosto se espichava para frente transformando-se em um focinho com uma cadeia de dentes animalescos maiores que o de qualquer outro animal identificado pelo homem comum.
Após isso, apenas a matança desmedida, a carnificina infernal. Não havia limites para o terror que a besta espalhava. Quanto mais mortos houvesse, mais vitimas ela sentia prazer em fazer e não havia filho de Deus capaz de pará-la. O show de horrores só cessava quando a besta sentia que o manto da noite estava prestes a extinguir-se. Então ela procurava refugio. Um abrigo aonde poderia ter seu descanso de besta fera. Assim, André acordava nu, com o corpo ensanguentado do sangue de dezenas de infelizes, as memórias embaralhadas e num lugar remoto completamente estranho a ele. A primeira lua cheia era sempre este suplicio; este tormento. Não era de sua natureza toda essa violência, mas sua herança maldita não o havia dado o privilégio da escolha. Então assim era forçado a viver entre a Terra e o inferno numa vida miserável que pesava cada dia mais com as mortes que carregava nos frágeis ombros.
O satélite natural da Terra já estava posicionado. André sentiu as pernas fraquejarem, o corpo contorcer-se, o lobo uivar alto dentro de sua mente.
Em poucos instantes o ser bestial já havia dominado por completo. Saltou o pequeno muro branco apossado pelas trepadeiras, que inutilmente tentava barrar o salto de possíveis intrusos, e correu em direção ao pequeno vilarejo que tinha além do vale. O animal demoníaco estava pronto para sua pequena farra infernal.
Não tinha mais jeito. André sabia o que acontecia nas noites em que a lua estava daquele jeito...



Fim

Por: Ermes Le Fou

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