COMPARTILHE ESSA IDÉIA!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


SAUDAÇÕES VIAJANTES!

Lanchinho noturno



O olhar esta projetado até o outro extremo do salão.
O bate estaca alto não a faz perder a concentração. Ela sabe o porquê de estar ali.
Seus olhos rubros estão presos no individuo que distraidamente bebe sua dose de destilado enquanto arrisca alguns passos de dança para introduzir-se socialmente, sem obter muito sucesso. Aquele não parece ser seu tipo de ambiente. Talvez esteja comemorando algo, ou tentando espairecer. Parece uma pessoa de poucos amigos. Está perdido em uma danceteria sozinho, fingindo ser descolado tentando causar alguma impressão nos que estão a sua volta como se fizesse parte do “bando”.
As luzes começam a ziguezaguear freneticamente na pista fazendo as pessoas movimentar-se de forma alucinada. A quantidade de pessoas ali é maior do que o tanto previsto pela casa em uma noite de sexta feira, e elas apinham-se procurando juntar-se cada vez mais.
O olhar esquadrinha a presa da cabeça aos pés. Poderia sentir o bater de seu coração a quilômetros. O cheiro de sua insegurança quando as pessoas se aproximam é quase tão inebriante quanto o cheiro do medo de quem enfrenta algo que sabe não poder vencer.
Conhece bem aquele tipinho. Ninguém o vê sair e não há ninguém o esperando chegar. A vida é quase um fardo que não teve a opção de carregar ou deixá-lo para que outros o fizessem. Sempre sozinho; sempre excluído. Ele estava vulnerável e esse era o tipo de vitima que a dava mais prazer. Este é o momento! Não pode esperar mais.
Passo ante passo, aproximasse sensual exibindo sua figura delgada de curvas arriscadamente perfeitas ao pobre infeliz. O prende em sua teia de sedução invisível tão espessa quanto fios de malha, e o traga como mar revolto. O convida com o olhar.
Ele esta certo de que ganhou a noite; ela também...
Ele segue o cadêncial movimento de seu quadril, acompanhando vidrado com os olhos, devorando com a mente aquela mulher pálida de perfume tão convidativo.
Encostam-se a um canto da boate, se agarram. Suas mãos percorrem a fina cintura da jovem, que beija extasiadamente seu pescoço. Ela sente o liquido vital do rapaz correr intenso dentro das veias.
Seus dentes tomam a forma de perigosas ferramentas assassinas prontas para drenar a vida de mais uma alma entristecida.
Então o beijo! O ultimo beijo.
Suas presas se encravam na carne amaciada e toda essência do despreparado rapaz é retirada a generosos goles de seu corpo.
O cadáver desliza pela parede como se fosse um embriagado. Embriagado da morte que agora reside naquela carcaça. Largado e esquecido ali naquele chão frio e fétido, em meio a tantos que se divertem absortos do assassinato que acabou de ser efetuado bem debaixo de seus narizes.
Ela esta satisfeita por enquanto. Foi uma caçada fácil, mas muito prazerosa. Agora era hora de partir. Esquecer aquele lugar e se entregar aos braços da noite que ainda acabara de começar.
Talvez essa tenha sido apenas a primeira refeição da noite e se a sede lhe chamar novamente, terá de fazer mais uma vez. Mas tudo bem.
Nada que não aconteça todas as noites...

Fim
Por: Ermes Le Fou

Um comentário: